Goiás tem a segunda gasolina mais cara do Brasil

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O preço médio da gasolina vendida em Goiás foi o segundo maior do País na semana passada, segundo a pesquisa semanal de preços feita pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) em todo o País. Em média, o goiano pagou R$ 4,31 pelo litro do combustível, valor menor apenas que o desembolsado no Acre, onde a gasolina foi vendida por R$ 4,52. A partir desta quarta-feira (1º), a pauta da gasolina (valor de referência para o cálculo do ICMS no Estado) também subirá de R$ 3,90 para R$ 4,16, o que pode pressionar ainda mais os preços.

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto) não acredita em elevação de preços neste início de mês, quando os empresários do setor precisam fazer caixa para arcar com vários compromissos e a concorrência costuma ser mais acirrada. Além disso, segundo a entidade, as vendas já caíram mais de 20% desde que o preço da gasolina rompeu o patamar dos R$ 4.

O advogado do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, explica que o preço mais alto em Goiás é consequência de o Estado também possuir o segundo ICMS mais caro do País (30%), atrás apenas do Rio de Janeiro, onde a alíquota é de 34%. Ainda assim, o preço médio praticado nos postos cariocas na semana passada ficou abaixo do registrado nos goianos. No Acre, mesmo com ICMS mais baixo (25%), os preços foram mais altos. Nos dois casos, a justificativa são outros custos, como transporte.

O Sindicato Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom) explica que a composição dos preços leva em conta o preço de aquisição do produto, tributos, logística e remuneração dos distribuidores e revendedores, estando sujeita às oscilações de oferta e demanda de um mercado livre.

Antônio Carlos acredita que Goiás continuará tendo o segundo preço mais alto do País para a gasolina nas próximas semanas. Também chama atenção o fato de, hoje, o preço da gasolina estar mais barato no Distrito Federal (DF) que em Goiás, algo que não era comum antes. O advogado do Sindiposto justificou que a alíquota de ICMS da gasolina também é menor no DF: 28%.

Mas, ainda segundo a ANP, o preço médio da gasolina nas distribuidoras foi de R$ 3,57 no Distrito Federal e R$ 3,71 em Goiás na semana passada. Porém, o preço no varejo foi de R$ 4,31 para os goianos e R$ 3,94 para os moradores do DF. Isso mostra um lucro médio de 10% nos postos do DF e de 16% em Goiás.

Também chama atenção dos motoristas o fato de os combustíveis estarem bem mais baratos nos postos de rodovias. Segundo Antônio Carlos, isso ocorre porque esses estabelecimentos têm custos operacionais menores que na capital e entorno. O preço médio da gasolina, segundo a ANP, foi de R$ 4,36 em Goiânia na semana passada, maior que os R$ 4,22 praticados em Mineiros, por exemplo, a quase 400 quilômetros da capital, onde os preços sempre eram maiores por conta do transporte.

A partir desta quarta-feira (1º), por conta do decreto 9.075 publicado pelo governo estadual, Goiás terá novas alíquotas para o diesel e etanol: 18% e 29%, o que pode elevar mais os preços destes dois combustíveis. Além disso, o valor da pauta do etanol sobe de R$ 2,53 para R$ 2,85.

O advogado do Sindiposto alega que os preços mais altos não prejudicam só o consumidor, mas também os postos, que veem suas vendas caírem drasticamente, a ponto de comprometer o pagamento das despesas mensais dos estabelecimentos. Segundo ele, a margem ideal de lucro é de até 20%. “Neste momento, o consumidor deve fazer as contas e preferir o etanol, quando ele não custar mais de 70% da gasolina”, alerta.

O gerente de Pesquisa e Cálculo do Procon Goiás, Gleidson Tomaz, lembra que, depois de um período onde a concorrência conseguiu segurar os preços, agora praticamente todos os postos reajustaram. Por isso, o órgão já notificou distribuidores e postos a apresentarem notas fiscais de compra e venda em Goiânia e três cidades do interior. Os postos também deverão apresentar planilhas de custos. O objetivo do órgão é averiguar se houve um reajuste injustificado de preços e, principalmente, se há um alinhamento artificial dos valores praticados. Usinas e refinarias também serão notificadas. “Vamos analisar se algum elo está obtendo vantagem ou se existe algum abuso”, destaca.

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