Quando o relógio marcar meia-noite na virada de sábado para domingo, os habitantes dos 11 Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país entrarão oficialmente no horário de verão, que irá até 19 de fevereiro de 2017. Os relógios devem ser adiantados em uma hora. A expectativa do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) é de economizar R$ 147,5 milhões nestes quatro meses.
De acordo com o ONS, nos últimos dez anos a mudança de horário durante o verão tem possibilitado uma redução média de 4,5% na demanda por energia no período de maior consumo e uma economia absoluta de 0,5%. Esses números equivalem a aproximadamente o consumo mensal de energia da cidade de Brasília, com 2,8 milhões de habitantes.
Em dezenas de países, o horário de verão é utilizado há décadas como forma de usar energia de forma mais eficiente, especialmente nos países com geração termelétrica, ou de racionalizar o uso da infraestrutura energética, com postergação de investimentos em novas fontes de produção, que é o objetivo principal do Brasil. Embora seja importante a economia absoluta no consumo, o horário de verão se justifica principalmente pela mudança do horário de pico de consumo, que normalmente ocorre das 18h às 21h. Com o adiantamento de uma hora, os próximos 125 dias terão mais horas de iluminação natural do sol e, com isso, a tendência é que nas casas e em grandes indústrias utilize-se a iluminação artificial por menos tempo.
Fazem parte do horário de verão Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo. Os Estados do Norte e do Nordeste ficam de fora porque, quanto mais próxima uma região é da linha do Equador, menos eficiente é o horário de verão.
Adaptação pode levar até sete dias
De acordo com o médico Marcos Pontes, o período de adaptação com o novo horário de verão pode levar de cinco a sete dias. A mudança de horário altera a ordem temporal interna do corpo, que regula os ritmos de sono e temperatura. “Com o horário de verão, tendo um desajuste, entra em uma fase de desordem temporal interna. Então, as pessoas acabam tendo que gerar uma nova sincronização porque esses ritmos têm fases diferentes”, explica.
As consequências podem ir desde mal-estar, dificuldades para dormir, sonolência diurna e alterações de apetite. Segundo Pontes, é preciso tomar alguns cuidados nos dias seguintes à mudança de horário, como evitar dirigir distâncias longas. “É a mesma coisa de fazer uma viagem de um fuso horário para outro, tem um período para o organismo se adaptar àquele novo horário”, diz o médico. Os idosos e as crianças, por terem uma necessidade maior de sono e de rotina, podem sentir mais os efeitos da mudança de horário.
CURIOSIDADES
Quanto mais distante da linha do Equador, mais eficiente é o horário de verão, pois há uma diferença mais significativa na luminosidade do dia entre o verão e o inverno
No Centro-Oeste, Sudeste e Sul, os dias de verão são mais longos que no Norte e Nordeste
O horário de verão vigora sempre do terceiro domingo de outubro até o terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte. Caso o domingo de fevereiro coincida com o Carnaval, o horário de verão é estendido por mais uma semana
O primeiro horário de verão no Brasil foi de 3 de outubro de 1931 a 31 de março de 1932. Desde então, houve alguns intervalos. Recentemente, passou a vigorar com o decreto 6.558, de 8 de setembro de 2008, revisado por decretos de 2011 e 2013
O norte-americano Benjamin Franklin teria sido o primeiro a propor a mudança de horário, em 1748, quando percebeu que o sol nascia antes de as pessoas se levantarem, durante alguns meses do ano. Ele pensou, então, que se os relógios fossem adiantados em uma hora, naquele período, poderiam aproveitar melhor a luz do dia, ao entardecer, e economizar velas, já que naquele tempo ainda não existia luz elétrica
Apesar da ideia de Franklin surgir no século 18, foi somente durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, que a Alemanha decidiu adotar o horário de verão pela primeira vez a fim de economizar energia. A partir daí, vários países começaram a adotar a medida.
Créditos: Ministério de Minas e Energia