Em discurso no plenário da Câmara, deputados petistas usaram nesta sexta-feira (15) o tempo do partido para atacar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, repetindo o argumento de que se trata de um “golpe” e que a Constituição não prevê “recall” de presidente por baixa popularidade.
O partido foi o segundo a fazer pronunciamentos pelo tempo de uma hora durante a sessão. O PMDB foi o primeiro – a ordem de fala é definida de acordo com o tamanho da bancada, da maior para a menor.
A sessão desta sexta marca o início da análise pela Câmara do processo de afastamento da presidente. Haverá debates e pronunciamentos até o domingo (16), quando está marcada a votação. Cada legenda terá uma hora para se pronunciar e os líderes podem escolher até cinco deputados para os discursos.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que está em curso um “golpe parlamentar” que, segundo ele, “tem raízes na imprensa e no empresariado”. Ele acusou ainda a oposição de querer “voltar ao poder numa conspiração através de um golpe parlamentar”.
Teixeira citou os 54 milhões de votos recebidos pela presidente Dilma em 2014 e lembrou que a população decidiu em 1993 manter o sistema presidencialista no país. “Na nossa Constituição, não há o instrumento do recall para tirar dirigentes com baixa popularidade. Não existe o voto de desconfiança como no parlamentarismo”, afirmou.
Ele também rebateu as acusações de denúncia e disse que as chamadas pedaladas fiscais (atrasos nos repasses do Tesouro a bancos públicos para o pagamento de benefícios) não configuraram empréstimo ao governo.
E acrescentou que a edição de decretos com a liberação de créditos extraordinários sem o aval do Legislativo não foi nem considerada pelo Tribunal de Contas na União na análise das contas do governo. “Além disso, esses créditos são meritórios porque foram recursos para universidades federais e investimentos da Polícia Federal”, disse.
O deputado citou ainda a Operação Lava Jato e disse que não pesa contra ela qualquer acusação. “Ela é honesta, aqui se falou da operação lava jato, ela não foi sequer acusada de qualquer ato ilícito”, afirmou.
Líder do PT, o deputado Afonso Florence (BA) fez críticas ao vice-presidente da República, Michel Temer, e afirmou que a oposição não terá votos suficientes para abrir o processo contra Dilma. “Eles não tiveram, nunca tiveram, não têm e não têm os votos para a abertura do processo”, declarou.
Segundo ele, a oposição tentou “criar uma onda” e tem pressionado parlamentares a votarem a favor do impeachment, mas a “consciência democrática brasileira” irá vencer.
Terceira a discursar, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que Dilma é honesta e citou programas sociais criados nos governos do PT. “[Querem afastar] Uma pessoa que é limpa, que é honesta. A primeira mulher presidenta desse país. Ela, responsavelmente, está tentando encontrar saídas para o Brasil, porque ela tem moral, autoridade.”
Ele concluiu a fala pedindo que os insatisfeitos com o governo tentem alcançar o poder nas eleições. “Se não estão satisfeitos com a presidente Dilma Rousseff, vão às urnas. Não vai ter golpe!”, disse.
Em seguida, o deputado João Daniel (PT-SE) ocupou a tribuna para defender a presidente. “A presidenta Dilma, eleita democraticamente, não cometeu nenhum crime”, disse.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi o último a falar em nome do PT. Ele destacou que, para um presidente ser afastado, é preciso que se comprove o cometimento de crime de responsabilidade com dolo, ou seja, que tenha havido a intenção de praticar a irregularidade.
Para o petista, Dilma não agiu com a intenção de violar a legislação, porque foi assessorada por órgãos técnicos que atestavam a regularidade das pedaladas fiscais.
“Falam em dolo e má fé, quando há inúmeros órgãos que assinam antes dela. É de uma absoluta irresponsabilidade, absoluta má-fé, de um absoluto golpismo”, afirmou Chinaglia
Créditos: g1.com