Nos últimos dois meses, quem não foi até alguma farmácia comprar algum medicamento e não encontrou os remédios procurados nas prateleiras?
Remédios para gripe, antialérgicos e antibióticos como amoxicilina, por exemplo, e a dipirona para dor e febre, são aliados de primeira linha da população para tratar, infecções, dores e febres, mas para encontrá-los é preciso um giro pelas farmácias.
O risco de apagão é confirmado pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os dois órgãos já admitem risco de desabastecimento de medicamentos no mercado.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), feita com 106 estabelecimentos como hospitais, clínicas especializadas e empresas que fornecem serviço de home care em 13 estados e no Distrito Federal, revela que o problema também atinge unidades de saúde.
O levantamento mostra que falta soro, dipirona injetável, remédios para tratamento e arritmias cardíacas, contrastes usados em exames radiológicos, medicamentos para asma, bronquites e enfisema e ainda antibióticos. Quando as mercadorias são encontradas têm preços duas vezes maior que o praticado no mercado.
Motivos
A alta do dólar, o aumento da inflação e pela demanda dos medicamentos durante o inverno justificam a escassez dos produtos. Lembrando que cerca de 95% dos insumos para produzir os medicamentos, incluindo o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), vem da China e da Índia.
O aumento do petróleo também justifica o problema já que a fabricação das embalagens dos remédios utiliza derivados do produto. A inflação, também citada, eleva o custo da cadeia de transportes desde a produção até a comercialização.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já se manifestou sobre o assunto na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado na semana passada. “Estamos com dificuldade de IFA de dipirona, o que é inaceitável” disse Queiroga.
Em entrevista ao Globo, o Ministério da Saúde confirmou que articula junto à Anvisa medidas para combater o problema. A pasta informou que “trabalha sem medir esforços para manter a rede de saúde abastecida com todos os medicamentos ofertados pelos SUS”.
Outro lado
Já o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), de acordo com publicação também do O GLOBO, nega o risco de desabastecimento. Segundo a entidade é preciso modernizar a regulação de preços dos medicamentos para adequar os custos, que foram influenciados pela pandemia.
Municípios
Tanto o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) quanto o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) vêm alertando o Ministério da Saúde sobre o risco de desabastecimento no Brasil.