Empresa de pneus é suspeita de desviar mais de R$ 71 milhões com esquema de fraudes em licitações

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Dinheiro apreendido durante Operação Fator R — Foto: Divulgação/MP-GO

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) cumpriu, na manhã desta terça-feira (26), mandados contra um grupo suspeito de desviar mais de R$ 71 milhões de cidades goianas fraudando licitações em vendas de pneus. A Justiça autorizou 36 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva a serem cumpridos em Goiás e em Mato Grosso. Entre os endereços visitados em Goiânia estão sedes de prefeituras e a Tropical Pneus, empresa investigada.

Segundo as investigações, houve fraudes em contratos em 148 cidades goianas e 49 municípios em Mato Grosso, um no Tocantins e um na Bahia.

Até as 9h45, os agentes haviam apreendido R$ 74.328,00 como resultado dos primeiros mandados cumpridos.

A ação envolve Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e apoio da Polícia Militar.

A operação foi chamada de Fator R, que é o cálculo usado por empresas para determinar quanto de imposto vão pagar no Simples Nacional. Isso porque as investigações apontaram que uma grande loja criou outras menores, no mesmo ramo, para participar de processos de licitação como se fossem empresas de pequeno porte ou microempresas.

Segundo as apurações, muitas empresas tinham o mesmo endereço ou eram “sócias” entre si, evidências de que todas faziam parte de um mesmo conglomerado familiar. O MP aponta que os envolvidos trabalhavam para obter vantagens e fraudar as licitações.

Entre os crimes identificados pelo órgão durante as apurações foram: fraude em licitações, falsidade ideológica, peculato, corrupção e lavagem de capitais.

Buscas em vários órgãos
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) amanheceu já com agentes cumprindo algumas dessas ordens de busca e apreensão. Também há registros de equipes do MP chegando a condomínios residenciais em bairros nobres de Goiânia.

Por meio de nota, a Comurg informou que o MP compareceu na sede da Companhia pedindo acesso a “processos de licitação oriundos de contratações realizadas em gestões anteriores” e que todos foram entregues aos agentes do órgão “no intuito de colaborar com as investigações de um suposto ilícito”. O informe descreve também que a Companhia não é alvo da investigação e que é de interesse da Comurg que tudo seja esclarecido.

A Prefeitura de Goiânia, também alvo das buscas, “informa que está à disposição para colaborar com as investigações”. Também de acordo com a administração, foram entregues os documentos solicitados ao MP e que “não existe investigação contra servidores públicos ou por crime de improbidade administrativa”.

Já a Prefeitura de Aparecida de Goiânia afirmou que “foi informada da operação do Ministério Público na manhã desta terça-feira, 26, e que está colaborando com as investigações fornecendo as informações necessárias solicitadas”.

Também alvo dos mandados de busca, a Metrobus informou que “prontamente atendeu todas as solicitações do Ministério Público, repassando na íntegra os documentos e informações requeridos”.

A empresa afirmou que não está envolvida com os crimes investigados, mas que “acompanhará os desdobramentos das investigações, tomando, se for o caso, as medidas necessárias caso se constate que foi vítima de alguma ação fraudulenta”.

A operação também cumpriu mandados na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A Casa explicou que “a investigação não possui conexão com o Legislativo estadual”. A nota diz ainda que não há relação entre a servidora citada nas apurações e atuação dela na Alego.

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