Os acionistas da Peugeot e da Fiat Chrysler validaram hoje a fusão dos grupos, um casamento franco-ítalo-americano concebido para atingir um tamanho crítico em um mercado automobilístico em plena revolução.
A união dos grupos francês PSA e ítalo-americano FCA criará a Stellantis, quarta maior empresa mundial em número de veículos vendidos e a terceira em volume de negócios, atrás da japonesa Toyota e da alemã Volkswagen.
Durante a manhã, 99,8% dos acionistas da PSA aprovaram a fusão. No início da tarde, 99,15% dos acionistas da FCA votaram a favor da iniciativa.
A data efetiva da fusão deve ser anunciada rapidamente, segundo o presidente do conselho de administração da PSA e futuro diretor-geral do novo grupo, Carlos Tavares.
O novo grupo Stellantis terá mais de 400 mil funcionários e reunirá 14 marcas emblemáticas, como Citroën e Maserati (que já estiveram unidos brevemente há 50 anos), Fiat e Opel, Peugeot e Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, ou Jeep.
“Nunca tive tanta vontade de viver um momento da história como hoje”, disse o presidente do conselho de supervisão da PSA, Louis Gallois, que se aposentará após a fusão. “Esta fusão era uma questão de sobrevivência tanto para a Fiat como para a PSA”, afirma Giuliano Noci, professor de estratégia da Escola Politécnica de Comércio de Milão.
Os dois grupos enfrentam enormes desafios tecnológicos e estratégicos (veículos elétricos, digitalização, direção autônoma) e os efeitos devastadores da pandemia de covid-19.
As marcas do grupo vão reduzir, em particular, os custos de desenvolvimento e de fabricação e completar sua oferta em todas as gamas.
“Graças a sua união com a PSA, a Fiat-Chrysler poderá reforçar sua presença na Europa”, afirma Giuseppe Berta, professor da Universidade Bocconi de Milão e especialista em Fiat. “O grupo francês colocará novamente um pé nos Estados Unidos, graças a seu aliado ítalo-americano”, acrescenta.
A votação dos acionistas sela a união contemplada desde 2018, anunciada no fim de 2019 e que teve a preparação afetada pela crise do coronavírus.
No fim de dezembro, a Comissão Europeia aprovou a união, com a condição de que os dois grupos cumpram seus compromissos para preservar a concorrência no setor dos pequenos utilitários, área em que controlam grande parte do mercado.
As montadoras já haviam modificado seu contrato para que a união seja um casamento entre iguais, enquanto a pandemia afetava suas respectivas contas.
A FCA aceitou reduzir o valor de um dividendo excepcional pago a seus acionistas. A PSA decidiu vender 7% do fabricante de equipamentos francês Faurecia antes de distribuir o restante aos acionistas da Stellantis. A participação do grupo chinês Dongfeng também será reduzida.
Mas o fundo Phitrust, que tem menos de 1% do capital da PSA, critica uma falta de “equilíbrio entre as partes” que favorece os ítalo-americanos.
Nos documentos apresentados às autoridades financeiras, PSA e Fiat consideram que a fusão custará 4 bilhões de euros (US$ 4,9 bilhões) e que as sinergias permitirão economizar com o tempo até 5 bilhões de euros (US$ 6,13 bilhões) por ano.