Em uma medida que ainda corre em sigilo, os Correios decidiram pelo fechamento de 513 agências em todo o território nacional, uma mudança que vai resultar na demissão de 5.300 funcionários.
A decisão faz parte de uma proposta de enxugamento de custos na estatal, que deve economizar R$ 190 milhões e atingir agências próprias que ficam nas proximidades de unidades operadas por franqueados.
A decisão teria sido tomada em fevereiro, em reunião da diretoria dos Correios que envolveu até mesmo acordos de confidencialidade. O enxugamento estaria marcado para começar nos próximos meses, com o segredo em torno da questão, algo que não é comum em encontros dos dirigentes da estatal, tendo a ver com o grande número de funcionários atingidos.
Falando à imprensa, o presidente interino dos Correios, Carlos Fortner, confirmou o fechamento de agências, mas disse que o total ainda não foi definido. Ele disse que, originalmente, 752 unidades seriam atingidas, caindo, depois, para as 513 citadas pela reportagem do Estadão. Agora, a estatal aguarda o resultado de um estudo que deve indicar o número final de filiais cujas atividades serão finalizadas.
Fortner prometeu avaliar cada caso de maneira individual, juntamente com o levantamento que visa reduzir o impacto aos usuários. Ele diz que o total final deve ser maior do que 400 agências, mas não sabe se será menor do que 500. A lista de unidades cujas atividades serão encerradas será encaminhada ao Ministério das Comunicações, ao do Planejamento e também ao Tribunal de Contas da União. Todo esse processo deve ser completado até o fim deste mês, com os fechamentos e demissões sendo iniciados no segundo semestre.
Apesar de afirmar que situações específicas ainda não foram definidas e dependem de análise, o documento publicado pela imprensa no final de semana já indica uma série de agências cuja operação será finalizada. Fazem parte do total unidades de grande faturamento localizadas em capitais e no interior dos estados. Em São Paulo, a expectativa é pelo fim de 167 unidades, 90 na capital e 77 no interior, enquanto em Minas Gerais, 14 das 20 agências com maior rentabilidade fecharão as portas.
Fortner, entretanto, defende a medida e afirma que ela é importante para a modernização dos Correios. Segundo ele, em grandes praças como o Rio de Janeiro, por exemplo, existem agências que ficam a 50 metros de distância entre si, um fator que não corresponde a uma companhia que deseja ser saudável. O presidente também confirmou que demissões vão acontecer, novamente sem falar em números, afirmando apenas que o total de mais de cinco mil dispensas se referia ao número original, com mais de 700 unidades na lista para fechamento.
Passo a passo
De forma a minimizar o impacto das demissões, os Correios devem realizar o enxugamento em fases. Segundo Fortner, as primeiras agências a serem fechadas serão as próprias, que funcionam em imóveis alugados e estão próximas de outras unidades também próprias. Depois, o alvo recai sobre aquelas que possuem pouco movimento, desde que, claro, estejam nas proximidades de outra filial.
O presidente dos Correios admite que o processo não será possível sem demissões, mas também revelou que, em uma primeira etapa, os atendentes terão a opção de serem transferidos para outras áreas de atuação na estatal. Segundo ele, a expectativa da fase inicial dessa mudança é de apenas 60 dispensas, com a expectativa de que o restante aceite uma mudança de função.
Fortner nega, ainda, que as alterações estejam sendo feitas para favorecer franqueados. Muito pelo contrário, segundo ele, também faz parte do plano a absorção de operações e funcionários de unidades próprias por agências privadas, também de forma a minimizar o impacto para os funcionários. Ele enalteceu o serviço das franquias e disse que elas são essenciais para garantir um atendimento amplo e de qualidade.