O Circuito Cavalhadas de Goiás 2018 foi lançado nesta sexta-feira (4 ), no Espaço Jabuticabeiras do Palácio das Esmeraldas, em Goiânia.
Onze cidades mantêm a tradição de realizar a festa folclórica que revela um pouco da cultura local.
As Cavalhadas em Posse e em Santa Cruz de Goiás, neste ano, acontecem nos dias 19 e 20 de maio. Em Jaraguá, a representação da luta entre mouros e cristãos está marcada para 20 e 21 de maio e em Pirenópolis, para 20 a 22 de maio. Alguns municípios fazem a festa em junho: Palmeiras de Goiás, de 1º a 3; Crixás e São Francisco de Goiás nos dias 9 e 10; Cedrolina, que é distrito de Santa Terezinha de Goiás, 14 e 15; e Hidrolina, nos dias 16 e 17 de junho. Em setembro tem Cavalhadas em Corumbá de Goiás, de 7 a 9, e em Pilar de Goiás, nos dias 8 e 9 de setembro.
As Cavalhadas
As Cavalhadas são representações baseadas nas tradições de Portugal e da Espanha na Idade Média. O teatro é ambientado no século VIII, na região dos Pireneus, entre a Espanha e a França, simbolizando o combate entre o exército cristão de Carlos Magno e os muçulmanos da Mauritânia para decidir quem detinha a fé verdadeira.
Durante séculos essa história foi cantada por trovadores, até que no final do século XV Isabel I, a Católica, de Portugal, decidiu estabelecer unidade religiosa no reino de Castela e Leão, implantando o Catolicismo nas terras conquistadas. Uma das medidas foi criar uma festividade para incentivar o culto cristão.
No dia de Pentecostes, a corte portuguesa saía em procissão do palácio até a catedral, onde era rezada missa solene dedicada ao Divino Espírito Santo. O rei e a rainha, em trajes de gala, portando a coroa e o cetro, seguiam acompanhados da alta nobreza, ostentando o brasão real português e grandes bandeiras em vermelho com o símbolo do Divino bordado, acompanhados por banda de música.
Registros no Brasil
A Festa do Divino Espírito Santo e as Cavalhadas foram trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A mais antiga de que se tem notícia no país foi encenada em Pernambuco em 1584. Há registro de Cavalhadas em 1609, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. A festa foi descrita também em 1745, em Recife. O espetáculo reproduz a nobreza dos reis, príncipes e embaixadores.
As nossas Cavalhadas são compostas por dois grupos de 12 cavaleiros, um deles vestido de azul, representando os cristãos, e o outro grupo trajando vermelho, simbolizando os mouros, povos do norte da África, Marrocos e Mauritânia, que dominaram por séculos a Península Ibérica. Um momento emocionante é o batismo dos mouros, derrotados, por um padre, marcando a conversão deles ao Cristianismo.
Goiás
As Cavalhadas são realizadas há mais de 200 anos em Goiás, unindo religiosidade, cultura, turismo e economia, e valorizando o patrimônio imaterial do Estado. O Circuito Cavalhadas de Goiás, coordenado pela Goiás Turismo, busca valorizar a tradição e destacar o espetáculo nos municípios de Corumbá de Goiás, Crixás, Hidrolina, Jaraguá, Palmeiras de Goiás, Pilar de Goiás, Pirenópolis, Posse, Santa Cruz de Goiás, Santa Terezinha de Goiás e São Francisco de Goiás.
O trabalho da Agência Goiana de Turismo com a criação do Circuito estabelece um elo entre os municípios que mantêm a tradição das Cavalhadas, preserva e incentiva a retenção da história, folclore e religiosidade do povo goiano. A festa, que mistura elementos sagrados e símbolos pagãos, atrai milhares de turistas a essas cidades, que movimentam e enriquecem a economia local, incrementando as vendas e gerando empregos.
Na capitania de Goiás, a mais antiga apresentação das Cavalhadas da qual se tem registro foi encenada no arraial de Santa Luzia, atual cidade de Luziânia, no dia 6 de janeiro de 1751. As Cavalhadas foram implantadas nos municípios goianos do Ciclo do Ouro. Além da festa litúrgica, missa e novena, a celebração no período colonial origina os elementos culturais e religiosos da festa no Centro-Oeste brasileiro: Império do Divino, Entrada da Rainha e Cavalhadas. Em Santa Cruz de Goiás a festa é realizada ininterruptamente há 202 anos.