Prefeitura de Ceres afasta servidoras suspeitas de participarem de esquema de fura fila de vacinas contra a Covid-19

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Prefeitura de Ceres - GO / Reprodução

A Prefeitura Municipal de Ceres, no Vale do São Patrício, afastou a secretária municipal de Saúde, Marjuery Seabra de Brito, e a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Heloísa Dias Lopes, nesta quarta-feira (7). A informação foi confirmada pelo promotor de Justiça Marcos Rios que investiga a participação de servidores em esquema de fura filas de vacina contra a Covid-19 na cidade.

Os nomes das pessoas que furaram a fila não foram revelados. Por isso, a reportagem não localizou a defesa para se manifestar. A Prefeitura de Ceres foi procurada pela reportagem por telefone e por e-mail, às 14h32, para falar sobre o afastamento, mas não respondeu.

O promotor recebeu denúncias de que parentes e amigos de médicos donos de hospitais no município foram colocados na lista de vacinação como funcionários fictícios para receberem a vacina. Ao menos 15 foram identificados como sendo uma noiva de médico, fazendeiros, primos e pais. Ao menos 20 doses da CoronaVac podem ter sido desviadas.

Lista de vacinados contra a Covid-19 em Ceres, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Marcos Rios abriu um inquérito civil público em 10 de fevereiro para iniciar a investigação. Ele diz não conseguir finalizar o processo ainda porque no meio da apuração a prefeitura enviou listas diferentes com os nomes dos vacinados. A cada troca de lista, ele diz ter percebido que alguns nomes sumiram e outros entraram. A partir disso, o promotor investiga também suposta falsificação nos documentos.

Vamos ingressar com improbidade administrativa contra o prefeito, a secretária de Saúde e a coordenadora da vigilância epidemiológica porque desviaram a coisa pública em favor de terceiro. Essa vacina, neste momento, vale mais que ouro. É um bem público valiosíssimo“, explicou Rios.

Secretaria Municipal de Saúde de Ceres, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Investigação
O inquérito apontou falhas em duas frentes: dos hospitais que incluíram os nomes de familiares de médicos na lista de funcionários e da prefeitura por enviar a quantidade de doses pedida pelos hospitais sem verificar os nomes listados e deixar de fiscalizar posteriormente a aplicação da vacina.

O promotor disse que reconheceu diversos nomes que estavam na lista dos hospitais. Ele fez uma investigação preliminar para embasar a abertura do inquérito civil público e descobriu que um médico oftalmologista tomou a vacina.

Ele nunca viu um paciente com coronavírus. Não é da linha de frente de combate e não poderia ser vacinado neste momento. As pessoas que precisavam da vacina são funcionários do Samu, de hospitais que atendem estes pacientes infectados e os idosos“, relata o promotor.

Esse oftalmologista foi o médico que colocou os nomes do pai, da mãe e da noiva na lista de pessoas funcionárias de hospital. “A família dele é de fazendeiros. São pessoas ricas. Foi a forma que acharam de furar a fila da vacinação“, dispara o promotor.

Promotor Marcos Rios investiga furada de fila em vacinação de Ceres, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
  • Informações do Portal G1/Goiás
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