Falta de isolamento em Goiás pode causar 160 óbitos por dia em julho

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A baixa adesão ao isolamento social pode resultar mais de 160 mortes por covid-19 todos os dias no final do mês de julho nos municípios goianos. É o que aponta projeção realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e divulgada nesta terça-feira (26). Atualmente, o Estado possui o pior índice de confinamento do país, com somente 36,6%, segundo levantamento da empresa In Loco. Já são 104 óbitos pela doença e 2.691 casos confirmados de coronavírus.

As mais de 160 mortes possíveis em julho levam em consideração o cenário “vermelho”, considerado o pior do estudo. Nele, em que há índice de isolamento é de 37%, são esperadas entre 129 e 162 mortes por dia no Estado.

Por outro lado, caso o Estado consiga atingir bons números de isolamento, ao contrário do que ocorre atualmente, as mortes podem ser reduzidas. A expectativa é de que, com o confinamento variando entre 50 e 55%, Goiás tenha, no cenário “azul“, de 6 a 14 óbitos causados pela covid-19.

No cenário “verde”, em que o nível isolamento tem média de 38,29%, os pesquisadores projetam entre 47 e 68 óbitos por dia no final de junho; e entre 101 e 118 mortes ao término do mês de julho.

“Fundo do poço”
Nas últimas duas semanas, o índice de isolamento deixou de cair, segundo apontou o professor Thiago Rangel, um dos pesquisadores da UFG responsáveis pela projeção. Tal “estabilização”, porém, não representa boa notícia.

“Parece que chegamos no fundo do poço. Quem decidiu ficar em casa já está ficando e quem decidiu que não vai ficar confinado continua saindo. Não deve ter muita mudança. Deixar de cair nesse baixo nível que estamos não é vantagem. Seria vantajoso se o índice fosse de 50% para cima”, afirmou.

A falta de isolamento, de acordo com o pesquisador, pode resultar em um “cenário trágico”. “O cenário verde (intermediário) e vermelho (pior cenário) estão muito parecidos. Não está tendo muita diferença e isso é preocupante. Não ter isolamento hoje significa ter mais leitos ocupados e mais mortos em julho”, disse.

Leitos
A demanda de leitos hospitalares no mês de julho também é alvo de preocupação em Goiás. No melhor cenário, serão necessários entre 3 e 4 mil leitos. No intermediário, o número aumenta e a necessidade fica entre 21 e 23 mil. Já no pior cenário, o quantitativo é ainda mais assustador, com necessidade de 31 e 34 mil leitos.

Sob a linha azul, o melhor considerado, a expectativa é de que o Estado tenha entre 956 e 1.257 internações em leitos de UTI. No quadro verde, a estimativa é de variação entre 5.579 e 6.439 pacientes internados. No pior dos cenários, o vermelho, a projeção é de 8.586 – 9.327 internações.

“Quando colocamos tudo isso junto vemos o quanto o cenário é horrível. É trágico. Boa parte da pandemia em Goiás vai ocorrer nos próximos meses se não houver isolamento. Em junho já vai ser difícil, mas em julho espera-se uma situação extremamente grave. Não vai ter hospital para todo mundo e os óbitos diários ficarão na casa de três dígitos”, salienta o professor.

Thiago Rangel ressalta que a projeção tem surpreendido os pesquisadores por conta da proximidade com o cenário atual. “Na nota técnica de abril foram projetados 106 óbitos para maio. Atualmente temos 104. É muito próximo. Nossa esperança é que algo tire a gente dessa trajetória porque a projeção é de tragédia para julho”.

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