Novembro Azul: Homens são o foco de campanha pelo cuidado com a saúde

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Criado na Austrália há quase duas décadas, o Novembro Azul surgiu com o simples propósito de incentivar os homens a tomarem a iniciativa na prevenção contra o câncer de próstata. O tempo passou e a campanha, após ser alvo de polêmicas, evoluiu. Hoje, busca conscientizar o público masculino sobre a importância do cuidado com a saúde em seus diversos aspectos.

O Brasil já adota a campanha há anos e em 2017 os entes públicos de saúde continuarão a desenvolver atividades em seu âmbito. Em Goiânia, cada unidade de saúde terá sua própria programação. Na Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), porém, o mês inteiro será dedicado à atenção à saúde do homem, mas uma semana específica vai trazer uma série de ações nesse sentido. “Vamos trabalhar uma semana de visibilidade”, ressalta a gerente de Programas Especiais da pasta, Edna Covem.

A gerente explica que na abertura e no encerramento das ações serão adotadas as mesmas estratégias. “No dia 17, no Serra Dourada, durante o jogo do Goiás com o Internacional, vamos expor faixas e folders”, conta. “No dia 25, faremos a mesma coisa no Estádio Olímpico, no jogo entre o Vila Nova e o Londrina.”

Nesse ínterim, a SES-GO vai montar, no dia 20, um stand em frente à sua sede, na Avenida 136, para recepcionar servidores e visitantes com material educativo. No dia 21, integrantes da secretaria vão até a sede da Metrobus, onde será feita uma roda de conversa com a população masculina. A empresa também deve utilizar mensagens de apoio à campanha nos letreiros de seus ônibus.

No dia 22, as atividades serão no campus de Anápolis da Universidade Estadual de Goiás (UEG), onde, além da roda de conversa, serão oferecidos serviços como medição de pressão e de glicemia, além da distribuição de preservativos. No dia 23, as atividades se repetem no Ceasa, em Goiânia.

Além dessas ações agendadas, Edna explica que a secretaria estará à disposição para fazer palestras educativas. “Nesse período muitas instituições com população masculina maior costumam nos procurar, como o Sistema S, colégios e universidades”, explica. Nessas oportunidades, costumam ser distribuídos materiais educativos e realizadas rodas de discussões.

Edna destaca a importância do Novembro Azul pela falta de interesse que a população masculina demonstra em relação à própria saúde. “Muitas vezes o homem chega a uma unidade de saúde pelos serviços de urgência ou de emergência”, pontua. “Trabalhamos no sentido de despertar a necessidade da prevenção.”

Polêmica

Mais de dez anos após a criação do Novembro Azul, pode-se dizer que seu intuito foi modificado com o passar do tempo. A campanha teve início em 1999, na Austrália, em meio a um grupo de amigos que resolveu cultivar bigodes durante o mês como forma de despertar a atenção para a importância da prevenção contra o câncer de próstata.

O projeto logo se espalhou para várias partes do mundo e suscitou polêmicas. No Brasil, entidades como o Instituto Nacional de Câncer (Inca), e até o Ministério da Saúde criticam a ênfase ao câncer de próstata e o incentivo para a realização do exame do antígeno prostático específico (PSA).

Em seu site, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade tem uma nota sobre o assunto: “Fazer PSA com ou sem toque retal não diminui a mortalidade geral dos homens, e muda muito pouco a mortalidade específica por câncer de próstata. Em outras palavras, homens que fazem o exame não morrem mais velhos, e morrem muito pouco menos de câncer de próstata”.

Segundo a entidade, esse pequeno benefício não compensa os potenciais malefícios, quase sempre relacionados à realização desnecessária de biópsia prostática, um procedimento que pode provocar sangramentos, febre, infecção prostática e retenção urinária, além do impacto psicológico causado por um resultado falsopositivo e as sequelas do tratamento, como incontinência urinária ou impotência sexual após a retirada da próstata. “Isso acontece porque o exame não consegue diferenciar cânceres graves e mortais de cânceres que cresceriam lentamente e não viriam a matar o homem – ou seja, muitos acabam tendo os malefícios desnecessariamente.”

A polêmica, claro, não minimiza outras benesses que a campanha traz. “A sociedade se concentra mais na questão da prevenção do câncer de próstata. No entanto, nós trabalhamos na prevenção de todas as causas de mortalidade”, explica Edna Covem. “O câncer de próstata sequer é o que mais mata os homens; é o de pulmão”, aponta.

Além disso, Edna destaca que a população masculina precisa se atentar para os riscos de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e infartos. Tudo isso não quer dizer, porém, que os problemas relacionados à próstata devem ser menosprezados. “Um aumento da próstata nem sempre significa que vai se transformar em câncer, mas é preciso ficar atento aos sintomas. Havendo o diagnóstico, é preciso adotar as atitudes necessárias e nem sempre é preciso fazer a cirurgia. Há outros tratamentos indicados”, frisa.

Câncer de Próstata

O médico urologista Théo Rodrigues, do Hospital Aberto Rassi (HGG), destaca que o câncer de próstata é o que mais acomete os homens e o segundo que mais mata. “A estimativa do Inca é que, somente neste ano, afete 61 mil pessoas no Brasil”, diz. De acordo com ele, 6% das mortes da população masculina são provocadas pelo câncer de próstata, ainda que as chances de cura variem entre 80% a 90% conforme a fase em que foi diagnosticado.

O especialista aponta que a velha máxima de que os homens têm “preconceito” contra os exames preventivos da doença está mudando com o passar do tempo. “Há muito menos resistências que antigamente. O toque retal é um exame simples, que se faz em consultório”, pontua.

Sobre as polêmicas envolvendo o PSA, o médico é taxativo: “Existe uma grande briga sobre se deve-se indicar que todo homem faça o PSA anualmente mesmo sem nenhum sintoma. A sugestão é que se discuta isso com o médico. Trata-se de uma decisão pessoal e o paciente pode fazer se quiser fazer”, diz. “Em geral, a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que a partir dos 50 anos se faça a prevenção.”

Ele pondera, no entanto, que, caso diagnosticada a doença, o tratamento deve ser individualizado. Devem ser colocados na balança os riscos que a doença traz e os potenciais malefícios que cada tipo de tratamento pode vir a provocar. A intenção é não reduzir a qualidade de vida do paciente de forma desnecessária.

Com informações: Emaisgoiás.com

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